VOCÊ CONHECE O INSTITUTO CABURÉ?
Você conhece o Instituto Caburé?
Somos um grupo de empreendedores sociais comprometidos em criar um futuro mais justo e sustentável para o Nordeste brasileiro. Nossa fundadora, Camilla Marinho, iniciou o Instituto Caburé porque acredita que os saberes ancestrais, aliados à ciência e tecnologia, podem transformar positivamente as vidas de milhões de pessoas em comunidades tradicionais.
Nossos pilares são: educação, cultura e clima. Trabalhamos com parceiros públicos e privados com o objetivo de educar crianças, valorizar as culturas tradicionais e suas paisagens e contribuir para a diminuição dos impactos das mudanças climáticas e conservação dos biomas.
Caburé no Mangue – Programa de regeneracão de manguezais
Barrinha é um vilarejo de 700 pessoas no extremo norte do Brasil.
Localizada em um dos estados mais pobres do país, a região já sofre os impactos da mudança climática: emergências hídricas, risco de desertificação e elevação do nível do mar. Além disso, é um processo de crescimento do turismo predatório que exerce uma pressão crescente sobre seus biomas naturais.
Os manguezais armazenam mais carbono por unidade de área do que qualquer outro ecossistema na Terra. E em um dos lugares mais quentes do mundo, uma floresta de mangue muito especial representa uma alternativa econômica para uma comunidade local.
INSTITUTO CABURÉ + FILHA DO SOL = DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O instituto Caburé, com apoio da Filhas do Sol, está desenvolvendo o programa com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável da região dos manguezais da área do Delta do Parnaíba, tendo seu foco inicial no território do município de Cajueiro da Praia.
O Delta do Parnaíba tem uma área estimada de 2.700 km² e é formado por cerca de 70 ilhas com rica vegetação e manguezais. Único entre os três deltas do mundo que existem em mar aberto, as ilhas abrigam uma enorme biodiversidade devido a suas características costeiras.
A iniciativa busca ampliar a consciência pela preservação deste bioma tão importante na luta contra o aquecimento global e, posteriormente, regenerar as florestas de mangue da APA (Área de Proteção Ambiental) do Delta do Parnaíba, para melhorar a qualidade de vida da comunidade local.
Esse bioma é de extrema importância para as comunidades tradicionais da região. Acreditamos que preservar esse bioma é preservar também as práticas extrativistas artesanais de famílias que dependem desse território, é manter sua cultura e modo de vida em harmonia com a natureza. Através de ações como a elaboração de inventário de fauna e flora, estudos de impacto ambiental, implantação de viveiros de mudas e geração de trabalho e renda para a comunidade local de extrativistas.
O programa pretende alcançar uma meta de regeneração de florestas em uma área de aproximadamente 90 km quadrados de extensão colaborando para a conservação desse ecossistema fundamental para o equilíbrio climático.
"É tudo pela maré"
“É tudo pela maré”. É assim que Fran evoca aquilo que lhe é mais caro. A Maré sintetiza e abarca tempo, espaço e prática. Ali, entre elas, não se sai para pegar marisco, o que se faz é “ir para a maré”. “Estar na maré” é se conectar com aquilo que as atravessa: as memórias, as alegrias, as dificuldades; a brisa no rosto, o cheiro do mar, o sol que não cede. É firmar a convicção de que elas são também aquilo que as rodeiam. Na maré, os “problemas da casa” recuam, as aflições se abrandam: “por mim, eu só vivia na maré” – professa Claudete.
As marisqueiras de Cajueiro da Praia são um grupo de mulheres que, pelo menos há três gerações, buscam nas areias, nas pedras e nos mangues da localidade os mariscos e moluscos que complementam a renda e ajudam a assegurar o sustento de suas famílias. Mulheres que aprenderam com suas mães e avós que mais do que um trabalho, “ir para maré” é garantir a comida na mesa ao mesmo tempo em que se fortalece os laços afetivos com suas parceiras de lida e com o local onde vivem.
Se antes os mariscos eram usados em trocas por outros produtos, hoje sua principal destinação é a venda por encomendas, feitas quase sempre por vizinhos e moradores da região. Juntar o suficiente, contudo, não é tarefa fácil. Definir o melhor local (e viabilizar os meios para acessá-lo), o momento correto da maré e a técnica ideal a ser empregada em cada caso são tarefas primordiais. O trabalho é duro, nem sempre os pedidos se avolumam e a renda, assim, é incerta.
As moelinhas, que habitam as reentrâncias das pedras que surgem à orla da praia cada vez que a maré abaixa, talvez sejam as que mais imponha dificuldades, uma vez depois de busca-las é preciso retirar um a um o pequeno molusco que fica no fundo da concha – trabalho minucioso feito com a ajuda de uma agulha de costura. Durante o dia, elas se escondem sob as pedras, que precisam ser reviradas com pedaços de pau para que, então, fiquem à mercê das marisqueiras. Algumas mulheres preferem sair à noite, de posse de lanternas, já que longe da luz do dia esses pequenos moluscos passeiam na superfície dos pedrais, que assim não necessitam mais de serem cutucados.
É no mangue, por sua vez, que se encontra o tabaco de senhora, nome pelo qual os mexilhões são conhecidos na região. Com os pés enfiados na argila quente, se equilibrando nos pequenos barrancos que delineiam canais de água quando a maré está baixa, as marisqueiras miram pequeninas fendas nas quais, com um golpe de precisão, arrancam com o dedo, uma a uma, do fundo do mangue, a concha elíptica de coloração lindamente indefinível.
Sentadas em pequenas rodas, ou guardando alguma distância entre si, as mulheres buscam a melhor posição nas bordas das lâminas d’água que se formam na grande extensão de areia que surge próxima aos mangues quando a maré está baixa. É ali que entre conversas, silêncios e gozações elas reviram a areia fina em busca do sururu. As mãos afundam sob os rasos de água sem que se tenha certeza de que alcançarão o molusco (e se o seu tamanho será satisfatório). Com algumas horas de trabalho, grandes baldes e sacos são enchidos até a boca.
Algo em comum entre os diferentes mariscos e moluscos é que sempre que coletadas, as conchas são reunidas nos urus, cestos trançados com palha de carnaúba, que facilitam a sua lavagem ali mesmo na água e, posteriormente, o seu transporte. Todas elas também precisam ser fervidas em grandes panelas ou latas de metal, aquecidas no fogo feito com carvão ou lenha, que crepitam nos ocos de fogareiros improvisados a partir de antigas máquinas de lavar ou fogões de cozinha inutilizados. No calor da fervura, as conchas se abrem, revelando assim o pequeno animalzinho outrora protegido. Só então eles serão retirados das conchas, reunidos, ensacados e pesados para serem finalmente entregues. As mulheres, a maré e os mariscos: uma rede que se forma a cada vez que urus são cheios, que pés afundam no mangue, que filhas entram pela primeira vez em um barco, que se espalham conchas pelo quintal de casa. Uma rede que reúne o cuidado de mãe, que precisa garantir a renda da casa, com o cuidado com o mar, com o rio, com o mangue, sem os quais não haverá mais trabalho. Sabemos, no entanto, que assim como as redes de pesca precisam ser sempre refeitas pelos pescadores na beira das praias, as redes que sustentam um equilíbrio instável entre a natureza e as pessoas também precisam de cuidado.
Emaranhadas com as histórias de cada uma das marisqueiras, as raízes e copas dos manguezais também se conectam com aquilo que nem sempre conseguimos enxergar. Estas formações armazenam mais carbono por unidade de área do que qualquer outro ecossistema na Terra – se apresentando ainda como uma alternativa econômica para uma comunidade local. Estendendo a atenção para um pouco além da região de Cajueiro da Praia, temos o Delta do Parnaíba, que faz parte também da APA, temos no Delta do Parnaíba, formado por cerca de 70 ilhas com rica vegetação e manguezais, que integram uma Área de Proteção Ambiental (APA) da qual Cajueiro da Praia também faz parte. Único entre os três deltas do mundo que existem emmar aberto, suas as ilhas abrigam uma enorme biodiversidade devido a suas características costeiras. Ainda que a questão ambiental precise ser formulada como um tema de preocupação global, não restam dúvidas que os efeitos dos seus impactos são sentidos por cada um daqueles grupos e pessoas que dependem do seu equilíbrio para sobreviverem. Levar à sério a preservação dos mangues, dos rios e dos oceanos é, portanto, honrar as gerações de marisqueiras que fazem desses locais um dos pilares de sua existência, da sua memória e do seu futuro. Um cuidado forjado por aquelas que sabem serem filhas, mães e herdeiras desses espaços e desses saberes. Mas que, para prosseguirem assim, precisam ter seu ofício apoiado e valorizado, pois se sem o mangue não existem as marisqueiras, sem as marisqueiras e sua rede de cuidado, as ameaças ao mangue também se ampliam.
"É tudo pela maré"
Realizacão:
Marisqueiras:
O projeto "É tudo pela maré" foi idealizado e realizado de forma colaborativa por integrantes e voluntários do Instituto Caburé, e contou com o apoio da
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CAMPANHA TRANSPARENTE
2020 Welight ®
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